Lógica: Como iniciar um discurso inteligente

Por Euro Brasílico Vieira Magalhães

Um exemplo de oratória e habilidade política, ocorrido recentemente na ONU, fez sorrir toda a comunidade mundial ali presente. Falava o representante de Israel na ONU:

– Antes de começar o meu discurso, quero contar-lhes algo inédito sobre Moisés…. (todos ficaram muito curiosos)… Quando Moisés golpeou a rocha com seu cajado e dela saiu água, pensou imediatamente: – Que boa oportunidade para tomar um banho! Tirou a roupa, deixou-a junto da pedra e entrou n´água. Quando acabou de banhar-se e quis vestir-se, sua roupa tinha sumido! Os palestinos haviam-na roubado!!!

Um representante da Palestina de pronto levantou-se furioso e bradou:- Que mentira boba e descabida! … Nem havia palestinos naquela época!!!

O representante de Israel então sorriu e afirmou:- Muito bem… Então, agora que ficou bem claro quem chegou primeiro a este território e quem foram os invasores! Posso enfim começar o meu discurso…

Se um discurso semelhante fosse aplicado ao Brasil, seria mais ou menos assim:

Em 1979, os Governos Militares, depois de salvar o Brasil do comunismo, e prepará-lo para um futuro brilhante, com uma grande infraestrutura governamental, resolveram iniciar a abertura política e se retirar totalmente da área política, preparando inclusive uma Lei da Anistia, para perdoar até mesmo aos traidores da Pátria, entre eles muitos assassinos, sequestradores e assaltantes. Mas o PT roubou toda a minuta desses documentos!!!

Aí, com certeza, uma voz de um petista, raivosa, diria: – MAS EM 1979 O PT NEM EXISTIA!!!!

Então podemos afirmar com absoluta certeza de que o PT nada fez para a Democratização e Abertura Política do País, nem para seu desenvolvimento, muito pelo contrário, CONDENOU-O AO ATRASO, À IGNORÂNCIA E À DESONESTIDADE ENTRE SEUS PARES EM TODO O MUNDO!

O fim do Ambientalismo Internacional

Por Ronald Bailey. Publicado originalmente no site da Reason. Traduzido e adaptado do inglês para o português por Renan Felipe dos Santos. Para ler o artigo original em inglês, clique aqui.

Vinte anos atrás, a primeira Earth Summit (ECO-92, Rio-92, Cúpula da Terra) no Rio de Janeiro marcou a ascenção do ambientalismo como uma força potente nas relações internacionais. Aquela conferência de 1992 produziu a United Nations Framework Convention on Climate Change (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que busca impor limites às emissões de gases do efeito estufa, e a Convention on Biological Diversity (Convenção da Diversidade Biológica), que promove a conservação de ecossistemas. Naquela época, Chris Flavin do Worldwatch Institute exultava, “Não se pode ir a qualquer canto do globo sem encontrar algum grau de consciência ambiental e alguma quantia de políticas ambientais.” Com o socialismo em descrédito, Flavin disse, o ambientalismo havia se tornado “o ideal político mais poderoso hoje.”

Duas décadas depois, o ideal está aos pedaços. A conferência do 20º aniversário, feita no Brasil no último mês de junho, a United Nations Conference on Sustainable Development — apelidada Rio +20— foi um verdadeiro fracasso. O porta-voz do Greenpeace, Kumi Naidoo, julgou a Rio +20 um “fracasso”, enquanto a presidente da Oxfam, Barbara Stocking, chamou-a de “hoax” (embuste, pegadinha, trote). Mais de mil grupos ambientalistas e esquerdistas assinaram uma petição pós-conferência entitulada “O Futuro Que Não Queremos”, uma analogia a “O Futuro Que Queremos”, o tímido documento que diplomatas de 188 nações concordaram em assinar. Naidoo chegou a jurar que ambientalistas desapontados se envolveriam em atos de desobediência civil.

As pessoas do mundo deveriam partilhar do desespero dos verdinhos pelo “fracasso” da Conferência das Nações Unidas peo Desenvolvimento Sustentável? Não. Antes de mais nada, “desenvolvimento sustentável” é um termo controverso. A ONU o define assim: “desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem suas próprias necessidades.” Este conceito vago pode ser usado por qualquer um para dizer qualquer coisa. Não é surpreendente que os representantes de países ricos e pobres se encontrando no Rio não conseguiram concordar em nada substancial trabalhando o tema.

Desde o primeiro Earth Summit, o mundo experimentou grande desenvolvimento benéfico. Em 1992, 46 porcento da população mundial vivia em absoluta pobreza (definida como uma renda equivalente a menos de U$1,25 por dia). Hoje este número baixou para 27 porcento, em termos ajustados à inflação. Durante o mesmo período, a expectativa média de vida aumentou em três anos e meio.

Na Rio +20 ambientalistas e líderes de países pobres esperavam espremer os países ricos para obter centenas de bilhões de dólares em assistência anual para o desenvolvimento. Mas a maior parte do desenvolvimento obtido nas últimas duas décadas não foi o resultado de assistência oficial (também conhecida como “dinheiro do contribuinte”) dos ricos para os pobres. De fato, um estudo publicado na edição de fevereiro de 2012 do Canadian Journal of Economics por uma equipe alemã de economistas do desenvolvimento descobriu que a ajuda muitas vezes retarda o crescimento econômico, tendo “um impacto insignificante ou pouco negativo na renda per capita”. A maior parte dos auxílios é roubada pelos cleptocratas que governam muitos países pobres, enquanto o que sobra é “investido” em projetos que não são lucrativos.

Então o que produziu tanta melhora na vida das pessoas pobres vivendo em países desenvolvidos desde o primeiro Earth Summit?

“Lembre-se que nos anos 1960, a assistência oficial ao desenvolvimento correspondia a 70 porcento do capital que fluía para as nações em desenvolvimento, mas hoje representa apenas 13 pocento, ao passo que os orçamentos para desenvolvimento aumentaram”, explicou a secretária de estado dos EUA Hillary Clinton na Rio +20. “Por que isso? Bem, vocês sabem muito bem. Por que enquanto províamos assistência, os investimentos do setor privado, usando recursos bem direcionados e políticas inteligentes, catalizaram um crescimento mais balanceado, inclusivo e sustentável.” Resumindo: O caminho para o desenvolvimento é o comércio, não a assistência.

Os ativistas, frustrados pela sua inabilidade de obter transferência de riquezas, se fixaram agora em um objetico particularmente problemático e perturbador: manter e expandir propriedades comuns de acesso livro, que são propriedades inutilizadas disponíveis para a exploração por qualquer um. Muitos participantes do People’s Summit for Social and Environmental Justice (Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental), um encontro paralelo, no Rio, de 200 grupos ambientalistas, advogavam pintura verde sobre uma ideologia velha e vermelha, postulando que a propriedade é roubo.

O Marxismo Canônico previu que o capitalismo entraria em colapso sob o peso de suas “contradições” entre as classes, nas quais o rico fica mais rico e o pobre fica mais pobre até atingir um ponto de ruptura social. Na atualização ambientalista, o capitalismo entrará em colapso porque a poluição produzida pelo seu consumismo negligente escala até um ponto de ruptura ambiental. Para os radicais, a solução dos problemas ambientais é um tipo de eco-socialismo no qual a natureza é protegida da “privatização” ou “mercantilização”. Esta tendência no pensamento ambientalista bem que poderia ser chamada comonismo.

Olhando ao redor do globo, é verdade que muitas medidas ambientais agregadas se deterioraram. Desde 1992, o United Nations Environment Program (UNEP – Programa Ambiental das Nações Unidas) afirma que a biodiversidade declino em 12 porcento e 740 milhões de acres de floresta primária foram derrubados. Hoje 53 porcento das populações de peixe são totalmente exploradas e a parte que está super-explorada, esgotada ou em recuperação subiu de 10 porcento para 32 porcento desde 1974. Mas são estas calamidades o resultado do capitalismo selvagem? Não mesmo.

O mesmo relatório da UNEP nota que 80 porcento das florestas do mundo, que concentram a maior parte da biodiversidade do planeta, são propriedade do governo. Também, em quase todo lugar onde algum tipo de calamidade ambiental está acontecendo, ocorre numa terra comum, espaço aberto. Rio poluído? Ninguém é dono dele. Florestas sendo derrubadas? Mesmo problema. Sobrepesca? Mesma coisa. Escassez de água? Idem. Empiricamente, pedir o aumento ou a reimposição da propriedade comunal em respeito a um recurso ambiental é o equivalente a pedir pela sua eventual destruição.

Países com fortes direitos de propriedade geralmente veem melhorias ambientais como reduções na poluição do ar e da água, populações estáveis de peixes, e florestas expandindo. Isto se dá porque proprietários protegem seus recursos, já que eles sofrem diretamente as consequências quando não o fazem. Além do mais, países com fortes direitos de propriedade são mais prósperos e podem arcar com os custos de regulamentações ambientaiso, aplicadas aos recursos comuns que ainda existem.

Duas décadas depois, o que outrora foi “o mais poderoso ideal político” na cena internacional entrou em pane e explodiu no Rio +20. A falha do ambientalismo como ideologia era inevitável, já que interpretou mal as causas de muitos problemas que prometia resolver. Será interessante ver qual direção tomarão agora aqueles que nutrem um permanente ânimo contra o capitalismo democrático.

A controversa cidade privada de Honduras

Audacioso projeto hondurenho da criar cidades autônomas pode inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento para o país. O projeto, não muito distante de realidades vividas hoje por cidades como Singapura e Hong Kong, promete trazer mais liberdade e prosperidade para os hondurenhos. Matéria traduzida do site da BBC. Para ler o artigo original em espanhol, clique aqui.

Será um território com suas próprias leis, seu sistema tributário, sua política de imigração e sua polícia. Será uma espécie de ilha dentro de um país soberano. Se chamará “cidade modelo”. E ficará em Honduras.

Esta terça-feira, o governo desta nação deu o sinal verde ao polêmico projeto, com o qual espera impulsionar o desenvolvimento.

Para isto assinou o memorando de entendimento, que servirá de marco para a criação da primeira de tais cidades, em um lugar ainda não definido.

Seus críticos falam de nada menos que privatização do solo hondurenho: as cidades modelos serão construídas por investidores privados e geridas de maneira autônoma.

Seus defensores desmentem esta versão.

“O Estado de Honduras seguirá exercendo seu direito à soberania em matéria de defesa e relações exteriores sobre as cidades modelos, de modo que não se trata de uma venda de território”, disse o presidente do Congresso, Juan Orlando Hernández.

Do que se trata
De fato, a jurisdição de Honduras sobre a “cidade modelo” abarcaria muito pouco fora destes dois campos. O outro que ficará “sujeito ao governo nacional” são “os assuntos eleitorais e emissão de documentos de identidade e passaporte”.

Além disso, a cidade modelo ou Región Especial de Desarrollo (Região Especial de Desenvolvimento, como se chama nos documentos oficiais) será, para alguns, como um país criado dentro de outro país.

O estatuto e as leis que a regulamentarão, assim como os convênios que firmem, deverão ser referendados pelo governo de Honduras. É o que consta na reforma Constitucional de 2011, que foi necessária para abrir caminho ao polêmico projeto.

Mas uma vez estabelecido este marco legal, a cidade estará por sua conta para governar-se, administrar-se, assinar tratados, estabelecer sua própria política monetária, criar órgãos de aplicação da lei (como tribunais e polícia), fazer seu próprio orçamento e até “contrair suas próprias dívidas internas ou externas, sempre que sejam sem o aval do Estado de Honduras”.

A cidade não terá que transferir recursos a Tegucigalpa exceto para “financiar bolsas de estudo ou em caso de catástrofes nacionais”, segundo indicou a imprensa local.

A favor e contra
Para o ex-fiscal de Defesa da Constituição, Oscar Cruz, a verdadeira catástrofe está na autorização de um modelo que, em sua opinião, constitui um “escárnio ao Estado”.

Segundo Cruz, com isto “se cede parte do território nacional e da população adscrita sem por-lhe limite nem em número nem em extensão”.

O ex-fiscal redigiu o recurso de inconstitucionalidade contra as cidades modelo, que atualmente corre ante a Corte Suprema de Justicia.

Também o relator de Liberdade de Expressão da ONU, Frank la Rue, as considera “uma violação à soberania nacional e à garantia de respeito e promoção dos Direitos Humanos que tem o Estado com a população em seu território”, segundo escreveu em um informativo após uma visita em agosto deste ano.

Outra fonte de debate é onde serão construídas as polêmicas cidades. Organizações de defesa dos direitos dos povos indígenas temem a expropriação de territórios para seu estabelecimento.

Para a Organización Fraternal Negra Hondureña (Ofraneh), o projeto mascara a intenção de entregar “100 quilômetros quadrados de território nacional ao capital financeiro internacional”, para permitir todo tipo de ilegalidades, como a lavagem de dinheiro.

Mas segundo os promotores da iniciativa, nada está mais longe da verdade. Segundo assinala a reforma constitucional, seu objetivo último é promover o desenvolvimento, através da criação de oportunidades e empregos.

“Para 2013 poderíamos ter ao menos 13.000 novos empregos; 30.000 para o ano de 2014 e 45.000 para 2015”, afirmou o presidente do Congresso.

De onde saiu
Ou como disse o presidente da Comisión para la Promoción de la Alianza Público-Privada (Comissão para a Promoção da Aliança Público-Privada), criada pelo governo para gerir as “cidades modelo”, estas são “a potência que pode converter a Honduras em um motor de riqueza”.

O projeto está inspirado na ideia da charter city do economista estadunidense Paul Romer.

charter city começaria como “um pedaço de território desabitado do tamanho de uma cidade, e uma carta ou constituição que especifica as regras que se aplicarão ali”, explicou Romer em uma entrevista com o blog Freakonomics.

“Se a Constituição contém boas regras (ou, como dizemos profissionalmente, boas instituições), milhões de pessoas se unirão para construir uma nova cidade”, adionou.

Segundo Romer, uma cidade bem gerida promete benefícios para todos. E quanto mais pessoas vivam na cidade, maior será a produtividade, e mais estendidos estes benefícios.

“A evidência sugere que muitas sociedades estão presas à regras deficientes. Mover-se para melhores normas pode ser muito mais difícil do que crê a maioria dos economistas. A construção de uma charter city é uma sugestão de como mudar a dinâmica das regras”, sustenta.

É o tipo de mecanismo de ativação que as autoridades hondurenhas esperam por a funcionar com sua primeira cidade modelo.

Até agora, o país recebeu US$4 milhões da Coréia do Sul para os trabalhos iniciais de uma primeira cidade modelo. Se espera um investimento adicional de US$15 milhões para a infraestrutura básica, segundo o que disse o presidente do Congresso.

O caminho a seguir parece estar marcado e não ser muito longo: se espera que os trabalhos comecem em outubro.

Uma distribuição desigual… de capitalismo

por Johan Norberg. Traduzido e adaptado para o português do Brasil por Renan Felipe dos Santos a partir da versão em espanhol disponível no site da ODLV (Organización por la Democracia Liberal en Venezuela).

Vinte porcento (20%) da população do mundo (ouvimos muito isso) consome mais de oitenta porcento (80%) dos recursos do planeta, enquanto que os outros 80% consomem menos de 20%. Os críticos da globalização nunca se cansam de nos lembrar esta injustiça. Mas pouquíssimas vezes escutamos uma análise adequado da razão desta situação.

Os críticos a colocam como “os pobres são pobres porque os ricos são ricos”, como se os 20% mais ricos houvessem roubado de alguma forma estes recursos dos outros 80%. Isso está errado. Os países ricos cresceram mais rápido desde que perderam as suas colônias. E as regiões que as nações imperialistas subjugaram cresceram mais rápido assim que se converteram em colônias do que haviam feito antes. Muitas das nações mais ricas do mundo — como a Suiça e os países escandinavos — nunca tiveram colônias de grande importância. Outros, como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong, e Singapura, foram colônias. Por outro lado, muitos dos países menos desenvolvidos – Afeganistão e Nepal, por exemplo — nunca foram colônias.

E financiando todos os outros -ismos, desde 4000 a.C.

A principal razão para que estes 20% consumam 80% dos recursos é que eles produzem 80% dos recursos. Os 80% consomem somente 20% porque eles produzem só 20% dos recursos. É este último problema que devemos enfrentar. O problema é que há muitos pobres, não que há alguns ricos.

Os críticos do capitalismo afirmam que o PIB per capita é 30 vezes maior nos 20 países mais ricos do mundo que nos 20 mais pobres. Os críticos tem razão que esta desigualdade se deve ao capitalismo — mas não pelas razões que eles creem. A diferença se deve a que certos países tomaram a senda do capitalismo, o que lhes resultou em uma fantástica prosperidade para seus habitantes, enquanto que aqueles que escolheram impedir a propriedade privada, o comércio, e a produção permaneceram atrasados. Os fatores como o clima e os desastres naturais não carecem de importância, mas a maior parte deste atraso pode ser atribuída a que certos países optaram pela liberalização enquanto outros optaram pelo controle.

Os 20 países economicamente mais livres do mundo têm um PIB per capita aproximadamente 29 vezes maior do que as 20 nações menos livres economicamente. Então, se falamos sério sobre eliminar o atraso com relação do Sul ao Norte, deveríamos esperar com todos os nossos corações que o Sul também ganhe acesso a uma economia livre e a mercados abertos. Os países em desenvolvimento que tem feito aberturas em décadas recentes não só tem crescido mais rápido que os outros países em desenvolvido – tem crescido mais rápido que os países ricos também.

A desigualdade do mundo se deve ao capitalismo. Não ao capitalismo empobrecendo a certos grupos, mas sim enriquecendo os seus praticantes. A distribuição desigual da riqueza do mundo se deve à distribuição desigual de capitalismo.

Capitalismo desigual: países capitalistas enriquecem. Países não capitalistas, não enriquecem. Problem?

Um quarto do investimento internacional direto entre 1988 e 1998 foi para os países em desenvolvimento. Desde començos dos anos oitenta, os fluxos de investimento aos países em desenvolvimento aumentaram de $10 bilhões a $200 bilhões ao ano. Se olhamos unicamente para os fluxos de capital ao mundo em desenvolvimento, descobrimos que 85% do investimento direto vai a tão somente 10 países, frequentemente os mais liberalizados. Mas devido ao fato que tais investimentos cresceram a uma taxa anual de 12% nas últimas três décadas, os países que não se encontram nestes 10 primeiros lugares também experimentaram crescimentos estupendos.

Os países ricos representaram 80% do PIB mundial em 1975, uma cota que caiu a 70% hoje em dia. Como já foi mencionado, os países pobres que optaram pela liberalização econômica e o livre comércio tiveram um crescimento mais rápido que os países ricos em décadas recentes. O livre comércio e o liberalismo econômico são uma forma para que os países em desenvolvimento não só enriqueçam, mas que também possivelmente alcancem os países mais prósperos.

Como disse o secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em uma conferência levada a cabo em fevereiro de 2000, pouco depois das demostrações contra a Organização Mundial do Comércio: “Os maiores perdedores neste mundo tão desigual de hoje em dia não são aqueles que estão expostos demais à globalização. São aqueles que ficaram fora dela”.

Por que genocídios acontecem?

O post de hoje não é sobre Economia, Política ou atualidades. Aliás, é sobre atualidades. Atualidades históricas, eu diria, pois o bicho homem segue sempre insistindo nos seus velhos erros.

O propósito deste post é trazer algum conhecimento ao leitor que está interessado tanto na História como nos direitos do homem. E o direito mais fundamental do homem é a vida. O assassinato, o aborto, a agressão física, a violência sexual, são atentados contra a vida. Quando estes crimes são perpetrados contra um grupo específico em escala massiva com o fim de eliminá-lo, dá-se a isso o nome de genocídio.

Talvez quando falemos em genocídio tenhamos primeiramente na cabeça o Holocausto, ou Shoah. Porém, o que nos esquecemos é que o genocídio não foi um evento único na história da humanidade. Ele ocorreu diversas vezes, ainda ocorre e há sempre o risco de que venha a ocorrer quando menos esperamos.

Este artigo traz o conteúdo de uma das maiores especialistas da área, Helen Fein, para que estejamos informados das motivações e das condições que tornam o genocídio possível.

Segue o texto:

Por que acontecem genocídios?

Não é suficiente dizer que eles ocorrem por medo ou ódio entre grupos. Medo e hostilidade entre grupos existem em muitos lugares, mas genocídios só ocorrem ocasionalmente. Quando o genocídio é mais propenso a acontecer? Quais são as precondições do genocídio?

Tipos de motivações

O que motivaria um grupo a agir contra outro grupo? O que um grupo poderia esperar da destruição completa de outro grupo?

Helen Fein, apoiando-se em sua pesquisa e pesquisas de outros acadêmicos, identifica as quatro principais motivações por trás dos genocídios.

1. Eliminar uma ameaça real ou potencial.
Fein chama isto uma motivação “retributiva” para o genocídio. Quando um grupo se convence de que sua existência é ameaçada por outro grupo, o mesmo pode sentir que não há outra escolha senão destruir o outro grupo. Isto leva a atitude do “precisamos pegá-los antes que eles peguem a gente”.

Restos mortais de armênios, vítimas de um genocídio em 1915. Temia-se que os armênios estivessem conspirando contra os turcos na Primeira Guerra.

2. Espalhar o terror entre inimigos reais ou potenciais.
Fazer esforços sistemáticos para destruir um grupo de inimigos pode enviar um sinal claro para outros inimigos potenciais. Fein chama esta motivação de “preemptiva”.

Os Tutsis, por conta de uma rivalidade tribal e política com os Hutus, foram vítimas de um massacre de enormes proporções em Ruanda, no ano de 1994.

3. Adquirir riquezas.
Se um grupo (por exemplo, um povo indígena) está no meio do caminho do progresso econômico de outro grupo, então pode “fazer sentido” simplesmente se livrar do grupo que está no meio do caminho.

Para poder confiscar a rica produção de grãos da Ucrânia na década de 30, e impedir qualquer resistência nacional, os comunistas impuseram uma política de saque e cerco que levou à morte 7 milhões de pessoas, sendo 1/3 delas crianças. Holodomor - morte pela fome - é como chamam os ucranianos este trágico massacre.

4. Implementar uma crença ou ideologia.
O objetivo pode ser criar uma raça pura ou criar uma sociedade utópica. De qualquer modo, o único meio de lidar com aqueles que não se encaixam no ideal é destruí-los.

Para implementar um sistema socialista utópico, os comunistas do Khmer Vermelho massacraram quase 1/3 da população do Camboja em fins da década de 70.

Ainda que possamos distinguir cada uma destas diferentes motivações em teoria, na vida real as motivações são frequentemente misturadas e qualquer uma ou mesmo todas as motivações acima podem estar presentes.

Precondições para o Genocídio

Ainda que hajam as motivações, o genocídio ainda não é necessário. O genocídio é mais provável quando certas condições existem.

As vítimas são excluídas

No genocídio, as vítimas foram definidas como fora do cuidado ou da responsabilidade do grupo dominante. Por exemplo, um estado pode garantir toda sorte de direitos e benefícios aos seus cidadãos. O genocídio se torna mais propenso a acontecer quando um grupo perde o status de cidadania, quando tem estes direitos e benefícios negados. Quando isto acontece, eles são definidos como fora da proteção do Estado.

Os judeus, sem o reconhecimento como cidadãos do Terceiro Reich, eram tratados como um problema de saúde pública: deveriam ser eliminados tal qual ratos ou baratas.

Esta exclusão pode estender-se para além da cidadania, entretanto. Em muitos casos, membros do grupo vitimado tem negados até mesmo seu status básico de ser humano. Eles podem ser referidos por termos não-humanos como “insetos” ou “bacilos”. Neste ponto, a situação se torna grave uma vez que as vítimas não só estão fora do Estado (e sua proteção), mas são sub-humanas e assim não podem reclamar os direitos humanos mais básicos.

Crise ou Oportunidade

Crises também oferecem oportunidades para genocídios. Uma crise pode ser o resultado de uma guerra, instabilidade social (como revoluções) ou a derrocada de impérios ou estados multinacionais. Quando relações sociais normais se quebram e velhos métodos de controle social enfraquecem, as hostilidades do grupo dominante podem se tornar voláteis. Também, o grupo vitimado pode ser culpado pela crise, o que leva o grupo dominante a buscar vingança.

Os Herero ficaram "no caminho" dos planos coloniais do Império Alemão na África do início do século XX.

Genocídios também podem ser resultado de novas oportunidades. Frequentemente, isto está relacionado com expansão interna – onde o grupo dominante muda-se para novos territórios dentro do país. Grupos indígenas que “ficam no caminho” correm perigo.

Estado ditatorial

Genocídios são mais prováveis em estados ditatoriais onde há poucas, quando há, fiscalizações nas ações da elite dominante e onde não há a força da lei. Quando a elite dominante está livre para usar a violência para manter seu poder, o genocídio é uma possibilidade perigosa.

Os espectadores não reagem

Genocídios também são mais prováveis de acontecer quando estados ou organizações observadoras (como a ONU) ajudam o estado genocida ou simplesmente não fazem nada. Um estado pode não ajudar participando ativamente no massacre, mas pode providenciar ajuda econômica e comercial (por exemplo, armas) que permitem que os perpetradores façam o genocídio.

Massacre da Bósnia, entre 92 e 95, provou a ineficiência da ONU.

Estados podem aumentar a possibilidade de um genocídio ao fazer nada. Se os perpetradores tem pouco a temer de outros estados ou organizações, então eles tem pouco desincentivo para evitar genocídios. Em alguns casos, o perpetrador pode já ter testado a reação dos observadores previamente. Se uma ação genocida mais limitada não atraiu a atenção de observadores antes em condenação, então o perpetrador pode sentir-se seguro para executar um genocídio em uma escala massiva.