Protestos, protestos

Mais do que noticiada esta sendo a série de protestos no Brasil contra o aumento da passagem no sistema de transporte coletivo. Os protestos, organizados por  grupos socialistas como PSTU, AnonymousBR, UNE e Juntos! (militância estudantil do PSOL), lograram angariar amplo apoio entre os mais jovens e mobilizar uma grande massa em torno da causa.

Alguns simplesmente querem a revogação do aumento da passagem, outros querem o passe livre e a total estatização do sistema de transporte coletivo. Não discutirei longamente estas questões pois quem acompanha este blog já sabe o porque tais idéias são absurdas e porque, se adotadas, resultarão em um serviço de transporte mais caro e menos eficiente.

O que sei sobre os protestos contra o aumento da passagem é o seguinte:

  1. Quem está protestando não entende nada de formação de preços e portanto não sabe a causa do preço artificialmente caro do transporte coletivo no Brasil.
  2. Quem está protestando geralmente pede como solução para o problema aquilo que está causando o problema neste exato momento: governo se metendo onde não deve.
  3. Quem pede transporte público e gratuito não entende que os serviços “públicos e gratuitos” são pagos via imposto, compulsoriamente, independente da pessoa usar ou não. A saúde pública, que é uma bosta, você paga por ela e paga caro. A educação pública, que está às moscas, você paga por ela e paga caro. Com o transporte não será diferente: você pagará caro por um serviço ruim.
  4. Diferente de um serviço que é pago voluntariamente, seja mensal seja a cada uso, você não pode optar por boicotar um serviço público. Sonegar imposto é crime, boicotar um serviço ruim não.
  5. Nunca vi ônibus pegando fogo nem patrimônio sendo destruído em “protestos pacíficos”. Neste tipo muito peculiar de protesto pacífico a polícia intervém pacificamente com cacetetes pacíficos, bombas de gás pacíficos e pacíficas balas de borracha, como é de se esperar.

Basicamente as pessoas envolvidas no protesto estão ali por uma euforia juvenil e por pura vontade de participar de uma mudança, de algo grande, etc. Entendo. Também entendo que nestes movimentos sempre haverá um ou dois mais “revolucionários” para dar a idéia idiota de queimar ônibus, depredar patrimônio público e privado ou mesmo iniciar um confronto com a polícia. Entendo ainda mais que os outros 95% levem cacetadas, bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha por culpa dos poucos que iniciaram os atos de vandalismo e violência. Este comportamento do aparelho de repressão do Estado é previsível e o escudo humano em volta da minoria violenta proporciona uma proteção que torna seu comportamento violento ainda mais previsível.

O que não entendo é como os jovens são capazes de identificar que há uma relação corruptora entre o Estado e o setor privado e ainda assim desejar que o Estado assuma para si todas as funções do setor privado. É tão difícil perceber que os preços abusivos são gerados por um sistema de concessões estatais que, na prática, impedem concorrência entre linhas de ônibus? Ou, pior ainda, que uma redução do preço da passagem é totalmente inútil quando é artificalmente imposta pelo Estado, uma vez que o Estado a garante através do subsídio às empresas de transporte às custas do contribuinte? E que o contribuinte, caro militante revoltado, é você?

Não existe, portanto, as opções de pagar ou não pagar pelo transporte coletivo. As únicas opções disponíveis são:

  1. Pagar voluntariamente pelo serviço privado que você usa e não usá-lo no caso de se recusar a pagar o preço estipulado. Ou seja, pagar voluntariamente.
  2. Pagar todo mês, compulsoriamente, por um serviço público independente de usá-lo e arriscar ir para a cadeia se recusar-se a pagar por ele, o que constituiria sonegação. Ou seja, pagar sob coerção.