O Ego Científico

Trago hoje uma herança maldita do positivismo: o cientificismo. A ciência é extremamente importante no que tange melhoras tecnológicas que visam nosso conforto, no melhor gerenciamento de recursos, e mais. Mas a ideia de progresso enraizou-se na cabeça das pessoas a ponto de querer elevar a ciência a paradigma não apenas racional, mas também moral. E há um grave problema nisso: a ciência é mutável, existe para ser questionada e superada. A moral, principal artifício de coesão social, não pode ser banalizada a ponto de se tornar um aspecto que existe para ser superado a todo momento. Uma sociedade que não encontra equilíbrio em nenhum momento e não pondera sobre suas mudanças nunca encontrará estabilidade!

Junto com esse cientificismo exagerado veio uma ideia absurda que inspirou ninguém menos que Marx: é possível uma sociedade perfeita, basta o método adequado. O resultado desastroso desse pensamento político foi de clareza solar durante todo o regime soviético e a síndrome de operador de maquinário de seus líderes. E mesmo diante de tanta luz muitos comunistas (rebatidos tanto no campo teórico quanto no empírico; na realidade) negam-se a ver o desastre que foi a experiência. Não querem nos poupar de uma nova era de sofrimento, pois acreditam piamente nas palavras de seus antigos mentores. Então a ironia do destino: apesar de um absurdo ego científico, seus resultados tornam-se uma questão de fé.

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