Petição pública pelo reconhecimento da República de Kosovo

Há pouco tempo atrás publiquei aqui no blog um artigo que buscava conscientizar os leitores sobre a República de Kosovo, um pequeno país balcânico que ainda não teve sua independência reconhecida pelo Estado brasileiro.
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Venho no artigo de hoje pedir a todos a colaboração na petição pelo reconhecimento da independência deste país. Criei uma petição no site Petição Pública e divulgo ela aqui hoje com o texto integral (em português). Peço encarecidamente que leiam, assinem e compartilhem esta petição com tantos contatos quanto seja possível, independente da posição política, ideológica ou religiosa.


Petição pelo Reconhecimento da República de Kosovo
Encaminhada ao Ministério de Relações Exteriores da República Federativa do Brasil

1. Considerando-se o direito dos povos a determinar e organizar sua própria forma de governo soberana e independente.
2. Considerando-se que nenhuma nação tem o direito de submeter a outra ao seu arbítrio.
3. Considerando-se que o reconhecimento internacional de um novo membro na comunidade internacional é essencial para garantir a segurança sua e de seu povo.
4. Considerando-se que é um dever do Estado brasileiro zelar pela paz e concórdia no âmbito doméstico e internacional.
5. Considerando-se a importância de estimular o Estado democrático de direito, especialmente em regiões historicamente marcadas por conflitos nacionais, étnicos e religiosos.
6. Considerando-se a atual posição de outros importantes membros da comunidade internacional sobre o assunto.

Pedimos:
O reconhecimento da independência, autonomia e soberania da República de Kosovo por parte do Ministério das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil.
O estabelecimento de uma missão diplomática brasileira no referido país e o acolhimento de sua respectiva missão diplomática.


Para assinar a petição, CLIQUE AQUI.

Për liri! (Pela liberdade!)

Este é um artigo especial, pois o escrevi a pedido de uma amiga minha. Trata de um tema sensível, o direito dos povos a escolher seu próprio governo. Mais especificamente, o direito da minoria étnica albanesa ao seu próprio governo sediado em Kosovo. Mas poderia ser sobre a independência dos bascos, dos catalães, dos galegos, dos chechenos.

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Não há como falarmos da República de Kosovo sem mencionar a Albânia e a Sérvia, países cujas histórias se entrelaçam. Na Antiguidade, a região abrigava os dardânios – povo cuja língua, especula-se, é aparentada do albanês moderno – e seu reino. Depois, a região tornou-se província sob domínio romano. A região esteve alternativamente sob domínio búlgaro ou sérvio pela maior parte da Idade Média até que a Sérvia anexou definitivamente a região ao seu território. O Império Sérvio marcou de modo definitivo o domínio dos sérvios sobre a etnia albanesa da região.

Kosovo, como parte dos Balcãs, também esteve sob domínio do Império Otomano até que a Guerra dos Balcãs (1912-1913) definisse a situação em favor dos nativos eslavos, gregos e albaneses. Neste conflito, a Albânia precisou lutar tanto para expulsar os otomanos quanto para impedir que seu território fosse tomado pelas nações vizinhas (Sérvia, Montenegro, Áustria-Hungria) que não reconheciam seu status de nação. A maior parte de Kosovo, onde predomina população albanesa, foi tomada pelo Reino da Sérvia, novamente. Os reinos da Sérvia, de Montenegro e mais províncias do extinto Império Austro-Húngaro se aglutinaram no Reino da Iugoslávia ao término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), submetendo mais uma vez os kosovares a uma administração que não falava nem entendia a sua língua. O Reino da Iugoslávia parecia o primeiro governo eslavo para súditos eslavos como sérvios, croatas e eslovenos da História, mas para os kosovares representou apenas uma nova submissão a um governo liderado pelos sérvios.

Os habitantes da região ainda sofreriam duras penas: invasão das potências do Eixo durante a Segunda Guerra (1939-1945), uma tirania comunista (1946-1990) na Guerra Fria e o aumento das tensões étnicas que provocaram guerras e genocídios nas décadas de 80 e 90 e que levaram à dissolução da Iugoslávia.

A partir da década de 90, Croácia, Eslovênia, Bósnia, Herzegovina e Macedônia obtiveram sua independência. Kosovo não teve sua independência da Sérvia reconhecida na década de 90, e voltou a proclamá-la em 2008, mas muitos países ainda parecem coniventes com a submissão dos kosovares a um Estado estrangeiro. EUA, Canadá, Japão, Austrália e a maior parte da Europa Ocidental reconheceram a independência de Kosovo, mas países importantes na política internacional como Rússia, China, Brasil, México e Argentina ainda não tomaram um posicionamento correto sobre o assunto.

Já se passaram mais de 20 anos desde o estabelecimento desta República Parlamentar cuja população ultrapassa a de países como Estônia, Suriname e Montenegro. São duas décadas de uma vida política democrática com eleições, sistema multipartidário, divisão de poderes e relações diplomáticas formalizadas com países do porte dos EUA, Canadá, Alemanha, Austrália e Japão.

Quanto tempo mais a liberdade dessas pessoas terá de aguardar? Quanto tempo mais os habitantes de Pristina terão de temer decisões tomadas em Belgrado? Quanto tempo mais até que o Itamarati se manifeste e reconheça esta nação como um membro da comunidade internacional?