Por que eu não sou Monarquista

O artigo da segunda-feira passada dia 15, publicado por nossa colunista Rafaela, elevou os ânimos de muitos leitores. De um lado, os monarquistas abriram sorriso de orelha a orelha porque, pela primeira vez, foram representados aqui no blog e isto, a meu ver, é bom. Do outro, os que repudiaram a publicação. O objetivo deste artigo é fornecer um contraponto com a minha opinião sobre o assunto.

Antes de iniciar este artigo, portanto, explicarei o seguinte:
1. Neste blog os articulistas tem a liberdade de expressar a sua opinião, por mais contraditória que esta seja com a de outros articulistas. Isso significa que em uma postagem pode-se defender a legalização das drogas e em outra defender-se o contrário. Um artigo pode ser mais conservador, outro mais liberal.

2. Como nosso objetivo é a divulgação de idéias de diferentes vertentes do pensamento político da direita, um mesmo articulista pode publicar textos totalmente contraditórios entre si. Pode-se postar um texto de Burke em um dia, e um de seu rival Paine no outro. Eu mesmo adoto por política de publicação alternar entre artigos conservadores e liberais, não me preocupando em expor as idéias de conservadores como Kirk e Carvalho embora eu seja liberal.

3. Assim como nossos articulistas, nossos leitores tem liberdade para se expressar. Nossa política de moderação de comentários é bastante flexível e buscamos sempre, na medida do possível, publicar todos eles. Igualmente, nossos leitores tem direito de resposta e podem enviar suas críticas aos conteúdos publicados através do e-mail direitasja@gmail.com. As vezes ocorre de um artigo gerar uma réplica, a réplica uma trépica, etc.

Agora sim, efetivamente, começa o artigo.

Argumentos levantados contra a República
Basicamente, os argumentos levantados contra a República são os seguintes:

  • A República é mais cara que a Monarquia por causa dos privilégios pagos aos políticos e sobretudo ex-presidentes.
    Refutação: a maioria das monarquias citadas também bancam privilégios para seu governo e para a família real. Porém, a maioria das monarquias são governos cuja população não chega nem à metade da população de um país como o Brasil. A máquina pública daqui seria muito maior e provavelmente muito mais cara. O erro consiste, portanto, no excesso de privilégios garantidos aos políticos em geral, pouco importando a forma de governo.
  • A República é ilegítima neste país porque foi instaurada por golpe.
    Refutação: Irredentismo puro. Pouco importa a forma como um governo foi instaurado, sobretudo mais de um século depois do ocorrido. O que importa é a aceitação continuada do mesmo ao longo do tempo.
  • Em uma República, os cargos de chefe de Estado e chefe de governo estão concentrados em uma só pessoa, o Presidente.
    Refutação: De fato, a República Presidencialista é a forma de governo mais próxima do Absolutismo que existe na política contemporânea. A resolução do problema seria o parlamentarismo, plenamente realizável dentro de uma República.
  • Em uma República, os interesses do governo podem ser dissociados do Estado e do interesse do povo, uma vez que interessa mais a reeleição e a permanência no governo, o que não é preocupação de um monarca.
    Refutação: Se um monarca não depende de aceitação popular para permanecer no poder, não há razões para crer que seus interesses coincidirão com os do povo ou que suas políticas atentarão para as prioridades do Estado.
  • Em uma República, o chefe máximo do governo e do Estado não é uma pessoa preparada especificamente para sua função, apenas uma pessoa que venceu em um concurso de carisma.
    Refutação: Neste ponto, realmente, a monarquia parece levar a vantagem num primeiro momento. Porém, esta forma de tecnocracia ignora o fato de que pessoas de distintas atividades profissionais e setores sociais podem trazer conhecimentos relevantes para a arena política, o âmbito público. Do contrário política perderia o seu sentido original de âmbito público, reduzindo-se meramente a uma atividade administrativa.
  • Em uma República, os políticos cuidam do dinheiro como se fosse propriedade alheia e, portanto, não estão interessados na integridade do erário público ou no controle de gastos.
    Refutação: Partindo do pressuposto que o monarca disporia do erário público como se fosse sua propriedade privada (patrimonialismo) este argumento poderia estar certo. Infelizmente para os monarquistas, isso não acontece há séculos e o patrimonialismo não é visto como legítimo nem mesmo em governos monárquicos atuais.

Argumentos levantados em favor da Monarquia
Hoje em dia são poucos se comparados com abordagens mais específicas como a de Edmund Burke, mais aí vão:

  • O custo de manter um governo monárquico é menor.
    Refutação: Como já foi mencionado, os governos monárquicos contemporâneos são de Estados nacionais relativamente pequenos se comparados com as repúblicas. Não há garantia de que, se aplicado em um país de proporções do Brasil, dos EUA ou da China, o seu custo seja menor do que as atuais formas de governo.
  • Em uma Monarquia, os índices de corrupção são menores.
    Refutação: O índice apresentado tem uma curiosa coincidência. Todos os países que lideram o ranking de corrupção são repúblicas presidenciais. No entanto, nos países menos corruptos a coincidência é que a forma de governo é parlamentar, seja monárquica ou republicana. A conclusão é óbvia: é o parlamentarismo, e não a monarquia, o responsável pela baixa corrupção.
  • Um monarca governa “para as próximas gerações e não para as próximas eleições”.
    Refutação: Um monarca não é eleito, e portanto não necessita de aprovação popular. Somente a morte, a deposição ou a renúncia podem tirá-lo do governo, uma vez que ele exerce seu cargo de modo vitalício e hereditário. Sendo um direito do povo eleger os seus governantes e o seu dever garantir os direitos da próxima geração, uma geração não pode escolher tirar da próxima o direito de escolher o seu governante. Disto decorre que todos os cargos políticos vitalícios ou hereditários são ilegítimos: não se pode escolher tirar o direito de escolha dos outros, mesmo que estes outros sejam a geração vindoura.
  • Um monarca é preparado toda a sua vida especificamente para a sua função.
    Refutação: Este argumento seria válido e positivo se o monarca fosse eleito por concurso. Mas não é o que acontece: ele herda o cargo. Como a habilidade para governar não é hereditária, um excelente gestor pode ser sucedido por um inepto que arruine todo o seu trabalho. A diferença de background social e profissional dos candidatos à Presidência ou ao cargo de Primeiro-Ministro, por sua vez, é um ponto favorável à República.

Argumentos que levanto contra a Monarquia

Uma geração não tem o direito de impedir a outra de escolher o seu próprio governante. Disto decorre que qualquer cargo político de caráter vitalício ou hereditário é ilegítimo. Afirmar o contrário é determinar que uma geração não tem o direito de escolher o próprio governante e portanto um monarca ou um presidente tem direito natural ou divino de governar contra o consentimento dos governados. Isto seria uma defesa aberta da tirania.

Cargos vitalícios estão sujeitos às debilidades humanas como a doença e a senilidade. Cargos hereditários estão sujeitos à crises familiares de sucessão e frequentemente necessitam de uma forma de regência temporária que viola por completo a idéia sobre a qual a monarquia se sustenta: se qualquer um, independente de fazer parte da família real, pode assumir o governo temporário e exepcional enquanto o príncipe-herdeiro não está pronto para assumir, porque não  poderia fazê-lo sob caráter permanente e regular?

Se um monarca é um especialista em governar, não há necessidade de que seu cargo seja hereditário uma vez que esta especialização não é herdada e, em princípio, qualquer mortal pode adquiri-la através de educação e treinamento. Se o seu cargo é hereditário, entretanto, não há garantia qualquer de que um bom governante será sucedido por outro bom governante.

Argumentos que levanto a favor da República

Quando cargos políticos são temporários, há a possibilidade de renovação no governo sem a necessidade de usar de recursos mais violentos como a deposição, o golpe ou a chacina de uma família inteira porque é da dinastia rival. O caráter temporário do governo também facilita a prestação de contas e o acompanhamento das políticas e metas: o político que conseguiu realizar projetos importantes dentro do prazo tem o que mostrar para o eleitor.

A eleição é uma forma de averiguar a aceitação popular de um governante. Como em um mercado, aquele que não agrada o eleitorado é simplesmente boicotado.

O fato de que os candidatos a cargos políticos não são especialistas, “políticos profissionais”, favorece a entrada de novos conhecimentos e distintas perspectivas na arena política: pessoas de diferentes profissões, de diferentes realidades sociais, tem perspectivas diferentes sobre os problemas e respostas diferentes para as questões que se apresentam. Sem este mecanismo, perde-se a capacidade de repensar soluções.

Conclusão
A maioria dos pontos levantados em favor da Monarquia são, de fato, aspectos positivos encontrados em qualquer governo parlamentar. A monarquia constitucional, parlamentar, pode apresentar algumas vantagens sobre a república presidencialista. A república parlamentar, no entanto, aproveita os pontos positivos sem incorporar os defeitos da monarquia.

Autor: Renan Felipe dos Santos

Autor e tradutor.

21 comentários em “Por que eu não sou Monarquista”

  1. sobre a corrupção, ambos estão errados.
    tanto a monarquia-parlamentarista como a república presidencialista podem ser altamente corruptas. O que diminui a corrupção é a liberdade econômica. Afinal, sabemos que quanto mais funcionalismo público, maior é a gestão com recursos públicos e maior é a possibilidade de desvio desta verba. Sendo assim, diminuir o funcionalismo público é o que diminui a corrupção:

    http://revistaepoca.globo.com/Primeiro-Plano/Diagrama/noticia/2012/11/liberdade-economica-nao-rima-com-corrupcao.html

    note que os países menos corruptos, citados no artigo a favor da monarquia, são também os mais livre na economia.

  2. Sobre os índices fica claro que ainda que tenha monarquias parlamentaristas, o sistema monárquico é o que vai de encontro a republica e não o parlamentarismo, portanto a lógica é falsa.
    Sobre o tamanho dos estados, não é tamanho que inviabiliza nenhum gerenciamento, no máximo para facilitar essa gerência o método parlamentar é estabelecido!
    Fato é que na monarquia não há oportunismo!

  3. “a maioria das monarquias são governos cuja população não chega nem à metade da população de um país como o Brasil”: Já ouviram falar da CommonWealth? Austrália, Canadá, Inglaterra, entre outros possuem a Rainha Elizabeth II como chefe de estado. O Japão tem quase a população do Brasil. E lembrando, tanto o Brasil quanto a Rússia já foram monarquias, que por mais que apresentassem problemas, para a época estavam muito bem obrigado. Além disto, sabia que a presidência de Portugal custa mais que monarquia da Espanha? E aí?

    “Pouco importa a forma como um governo foi instaurado, sobretudo mais de um século depois do ocorrido. O que importa é a aceitação continuada do mesmo ao longo do tempo”
    Aceitação continuada? Foram várias revoltas no início da república e uma cláusula pétrea na constituição tornava crime qualquer movimentação para restaurar a monarquia. Apenas em 1988 isto passou a ser permitido, e em 1993 sendo criado o plebiscito, mas que foi antecipado em 6 meses e que não permitiu integrantes da casa imperial aparecerem na TV (que eram os principais defensores e representavam os monarquistas). Verifique as abstenções no plebiscito, acha que foi apenas desinteresse da população? E além disto, quantos brasileiros que questionam a forma de governo? Quantos entendem o que é parlamentarismo? Quantos que sabem que entre os 10 países mais democráticos do mundo apenas 3 são repúblicas? Há muita desinformação, e não aceitação continuada.

    “De fato, a República Presidencialista é a forma de governo mais próxima do Absolutismo que existe na política contemporânea. A resolução do problema seria o parlamentarismo, plenamente realizável dentro de uma República.” Desconsidera o fato que logo depois do golpe de 64 tentaram isto e não deu nada certo. O mais perturbador deste argumento, é que vários “republicanos” dizem que um rei não serve para nada, mas se mostram simpáticos ao parlamentarismo republicano. Que sentido faz ter um chefe de estado, que tem o papel de representar toda a nação, se ele representa um partido ou uma maioria que votou nele? As eleições, a filiação partidária, o fato de não ser preparado como um monarca para representar o seu país, faz de um chefe de estado em repúblicas parlamentaristas ser ainda mais simbólico do que em monarquias. Quem conhece o presidente da Alemanha (Joachim Gauck)? A primeira ministra (Angela Merkel) é muito mais conhecida, sendo que o presidente que deveria representar a nação.

    “Se um monarca não depende de aceitação popular para permanecer no poder, não há razões para crer que seus interesses coincidirão com os do povo ou que suas políticas atentarão para as prioridades do Estado.” Mas um monarca não precisa fazer caixa para as próximas eleições, favorecer outros partidos por terem o apoiado em eleições ou ainda criar novos ministérios para tornar conhecidos futuros candidatos políticos do seu partido. O monarca depende sim de aceitação popular, mas não precisa lançar mão de caudilhismo ou populismo para sempre retornar ao poder.

    “Porém, esta forma de tecnocracia ignora o fato de que pessoas de distintas atividades profissionais e setores sociais podem trazer conhecimentos relevantes para a arena política, o âmbito público.” Com certeza. E isto é enriquecido através do parlamentarismo. E um chefe de estado sem filiação partidária e que permanece no cargo por gerações, permite que os chefes de governo sejam rapidamente trocados caso não estejam atendendo os anseios da população ou ainda em algum caso de crise política. Em casos extremos, como um “mensalão”, todo o parlamento poderia ser trocado, permanecendo um chefe de estado que continuaria prezando pela continuidade de projetos. Não é atoa que os países mais democráticos do mundo são monarquias.

    “Partindo do pressuposto que o monarca disporia do erário público como se fosse sua propriedade privada (patrimonialismo) este argumento poderia estar certo. Infelizmente para os monarquistas, isso não acontece há séculos e o patrimonialismo não é visto como legítimo nem mesmo em governos monárquicos atuais.” Acho que houve problema de interpretação: “como se fosse sua propriedade privada” não quer dizer que o país é sua propriedade de fato, mas que ele tem responsabilidade muito maior do que políticos, pois será seu papel cuidar do país por toda a sua vida, e deverá também fazer isto para que seus descendentes assumam um dia o seu cargo com o país em boas condições. Políticos uma vez que chegam a um cargo público, normalmente aumentam de patrimônio não se preocupando com futuros problemas orçamentários. Não é atoa que temos 14º e 15º salários para deputados e senadores.

    “No entanto, nos países menos corruptos a coincidência é que a forma de governo é parlamentar, seja monárquica ou republicana. A conclusão é óbvia: é o parlamentarismo, e não a monarquia, o responsável pela baixa corrupção.” São 7 países parlamentaristas monárquicos contra 2 parlamentaristas republicanos. Além disto os parlamentaristas republicanos estão presentes entre os mais corruptos do mundo (2 pelo menos). Não se pode ignorar o papel do monarca, que não possui influência partidária, e que se for deposto não poderá mais retornar ao poder para sempre, além de manchar a imagem da família/dinastia.

    “Disto decorre que todos os cargos políticos vitalícios ou hereditários são ilegítimos: não se pode escolher tirar o direito de escolha dos outros, mesmo que estes outros sejam a geração vindoura.” Não faz sentido nenhum esta afirmação. Temos que buscar pelas formas mais democráticas de governo, e não simplesmente garantir o direito ao voto para todo e qualquer cargo. As formas mais democráticas são as monarquias parlamentaristas, portanto é para isto que eu vou lutar para as futuras gerações. Simplesmente direito ao voto de todos, torna-se a ditadura da maioria, facilmente manipulada por populismo como nos dias de hoje, e não democracia.

    “Como a habilidade para governar não é hereditária, um excelente gestor pode ser sucedido por um inepto que arruine todo o seu trabalho.” Rei não governa, é chefe de estado. Em um caso extremo, pode sim o rei cometer algum ato corrupto, porém ele poderia ser deposto e nunca mais voltaria ao cargo. Além disto, dependendo gravidade, toda sua família poderia perder direitos. As consequências de má gestão e corrupção são muito mais graves para um rei do que para um presidente. Um presidente depois de um tempo consegue ser reeleito “democraticamente” (Collor mandou um abraço).

    “Uma geração não tem o direito de impedir a outra de escolher o seu próprio governante.” Como já falei, deve-se buscar pela democracia. A nossa república já está a 125 anos, o que ela trouxe de bom? Mesmo nos últimos 25 anos, depois das diretas, tivemos avanços em algumas áreas mas em ampla maioria temos péssimos exemplos de gestão. A democracia deve ser buscada sempre, mas isto não significa simplesmente direito a voto para todos os cargos. E tirania é algo muito mais presente nas repúblicas de hoje do que nas monarquias atuais. Mesmo em uma república parlamentarista, se o presidente e o primeiro ministro forem do mesmo partido, terá o mesmo efeito de uma república presidencialista.

    “Se um monarca é um especialista em governar, não há necessidade de que seu cargo seja hereditário uma vez que esta especialização não é herdada e, em princípio, qualquer mortal pode adquiri-la através de educação e treinamento.” Qual o nível de educação de nossos políticos? As pessoas precisam se sustentar e vão ter a educação conforme seus país podem lhe prover além do foco ser para aprender a conseguir um trabalho, e não para representar e cuidar do país. É fundamental um chefe de estado que conheça toda a história do seu país, para que não se cometa novamente os mesmos erros e também para entender as necessidades atuais e como resolve-las.

    “Quando cargos políticos são temporários, há a possibilidade de renovação no governo sem a necessidade de usar de recursos mais violentos como a deposição, o golpe ou a chacina de uma família inteira porque é da dinastia rival. O caráter temporário do governo também facilita a prestação de contas e o acompanhamento das políticas e metas: o político que conseguiu realizar projetos importantes dentro do prazo tem o que mostrar para o eleitor.” Não faz sentido nenhum esta comparação. O chefe de estado não é um governante ou um tirano. É um representante do povo para justamente cobrar dos governantes, estes sim temporários para que haja alternância de idéias e prestação de contas. O fato de um rei não possuir seu cargo temporário, é justamente para desempenhar o papel de cobrança de forma mais eficaz o possível, de modo que não tenha influência partidária ou de quem financiou sua eleição. Neste parágrafo fica evidente sua típica visão anti-monarquista bem comum entre os brasileiros: invocar a imagem da revolução francesa, que ocorreu quando a monarquia do século XVIII não tinha nada de parecido com as democráticas monarquias parlamentaristas de hoje.

    “A eleição é uma forma de averiguar a aceitação popular de um governante. Como em um mercado, aquele que não agrada o eleitorado é simplesmente boicotado.” Não é necessário eleições para se averiguar aceitação popular de um rei (que não é governante). Pesquisas de opinião, notícias na imprensa, a própria opinião de outros membros do governo e da realeza também medem a sua aceitação. Não faz sentido insistir tanto para o direito de voto para um cargo de chefe de estado. Mesmo em repúblicas parlamentaristas muitas vezes ele não é escolhido por voto direto, mas pelo parlamento ou por uma comissão.

    “O fato de que os candidatos a cargos políticos não são especialistas, “políticos profissionais”, favorece a entrada de novos conhecimentos e distintas perspectivas na arena política: pessoas de diferentes profissões, de diferentes realidades sociais, tem perspectivas diferentes sobre os problemas e respostas diferentes para as questões que se apresentam. Sem este mecanismo, perde-se a capacidade de repensar soluções.” Novamente, isto me parece que não entendeu direito como funcionam monarquias parlamentaristas. Justamente pelo fato de existir um monarca que ficará além dos mandatos dos políticos, será possível alternância de governos ou dissoluções, no caso de corrupções, sem prejudicar tanto a nação por falta de continuidade de projetos. Tem-se na monarquia uma parte fixa, mais duradoura, justamente aquela que é mais simbólica e possui o papel de representar a nação e o povo, e uma parte temporária, aquela que detém o poder de governar, justamente que foi eleita pelo povo para realizar novos projetos porém com a fiscalização de um rei. Novamente, verifique quais são os países mais democráticos do mundo, e não é apenas o parlamentarismo. Um rei possibilita estabilidade e continuidade de projetos com uma alternância sadia de governos.

    “A maioria dos pontos levantados em favor da Monarquia são, de fato, aspectos positivos encontrados em qualquer governo parlamentar. A monarquia constitucional, parlamentar, pode apresentar algumas vantagens sobre a república presidencialista. A república parlamentar, no entanto, aproveita os pontos positivos sem incorporar os defeitos da monarquia.” O principal argumento contra monarquias é que o papel do rei é simbólico. Imagina se o cargo do rei fosse eletivo, não sendo conhecido pelo povo, e sendo mudado de tempos em tempos, justamente um símbolo da nação? Além disto, este papel deve prover estabilidade enquanto ocorre alternâncias de governos, estes sim sendo dinâmicos e com o papel de acelerar o desenvolvimento. Portanto, quanto mais tempo um chefe de estado permanecer no seu posto, melhor, pois irá gerar maior identificação com a sua nação e terá maior conhecimento sobre erros e acertos ocorridos pelos governos. O presidencialismo sempre possui instabilidade justamente por causa da alternância frequente de todo o governo. O parlamentarismo permite alternância de governos mantendo alguma estabilidade, enquanto que as monarquias são muito mais superiores por justamente combinar a possibilidade de alternância de governos no parlamento com a estabilidade gerada pela hereditariedade no cargo de chefe de estado.

  4. “A representação simbólica da nação em uma pessoa cercada de convenções que lhe dão caráter de permanência (a linha dinástica) confere um grau de estabilidade ao sistema político que não pode ser desprezado em países marcados pela instabilidade crônica. Não se trata de intraduzir imobilidade, mas exatamente do contrário. Uma vez estabilizada a representação nacional, fica o espaço livre para o exercício do conflito, para a luta de partidos, facções, classes, o que for. Fica livre o conflito de interesses, que não mais precisa ser coibido em nome da estabilidade do sistema. Estamos cansados de apelos à união nacional, a consensos, acordos, pactos, entendimentos et caterva. Ora, esta é uma sociedade desigual ao extremo, injusta, autoritária, dividida. Nada mais natural e mais saudável que o conflito campeie de alto a baixo. Mais conflito, mais briga, mais disputa, mais pauleira, é disto que precisamos. No entanto, o aumento da taxa de conflito só é viável se for garantida a sobrevivência do sistema. Do contrário ouviremos o de sempre quando aumenta o conflito: querem desestabilizar!”
    José Murilo de Carvalho, em Pontos e bordados: escritos de história e política

  5. No mais, considero lamentável textos como este, que representa bem o comportamento dos ditos “integrantes da direita brasileira”. Se tem algo que não agrada, já se opõe totalmente, ficando assim divididos entre separatistas, defensores do federalismo, libertários, monarquistas, entre outros. Os monarquistas não vivem de fantasias e saudosismo. Querem justamente restaurar a forma de governo que vinha funcionando no Brasil recém criado, que hoje em dia é a forma de governo dos países mais desenvolvidos, mais democráticos, menos corruptos, com menos desigualdade, maior pib per capita e melhor qualidade de vida. Se a direita quer além fazer discurso buscar realmente algum ganho para o país, deveria buscar maior coalizão e apoiar uma forma de governo mais democrática e livre de extremismos. Nem sempre nossa opinião ou ideia estará certa, e é preciso muita grandeza para deixar preferências pessoais para apoiar aquilo mais factível e melhor para todos.

  6. Todas as formas de governo dependem de um único e óbvio item: o ser humano. Se for bom, até uma ditadura é boa, mesmo assim em casos hipotéticos muito restritos, pois se fosse bom, não haveria necessidade de ditador.
    Enquanto discute-se formas de governo, ignora-se o principal: o governo dos poderosos que estão imunes a qualquer regime, ou seja, as dinastias capitalistas, as corporações que dependem de eventos monumentais para existir, como a indústria bélica que, via “lobby”, fomentam as guerras econtrolam governos de direita e de esquerda.
    Temos que melhorar o ser humano. É dificil, mas temos que tentar sempre, só assim teremos uma vida mais justa em qualquer regime político, exceto os marxismos leninismos,trotskismo e todos os ismos da mesma família, pois aí já vira aberração.

  7. Citar Canadá e Austrália como países “do tamanho do Brasil” para defender a monarquia é apenas uma prova de completo desconhecimento geográfico. Seus territórios são comparáveis aos do Brasil, mas não suas populações, entre 5 e 6 vezes menor do que a brasileira. A Monarquia mais populosa do mundo atual é o Japão, número de habitantes mal ultrapassa a metade dos que existem no território brasileiro.

    Dos mais de 200 países existentes no mundo atual, apenas cerca de 30 permanecem mantendo regimes monárquicos. Grande parte deles são países atrasadíssimos e miseráveis, como Butão, Tailândia, Lesoto, Marrocos… Para infelicidade dos monarquistas, nem toda monarquia é Noruega, Suécia, Grã-Bretanha ou Holanda. O país mais rico e desenvolvido do mundo, os EUA, tornaram-se uma república tão logo proclamaram sua independência do Reino Unido. E nem por isso deixaram de ser o que são hoje.

    Monarquia no Brasil é um fetiche utopista. Enquanto o mundo avança, no Brasil há os que defendem um retrocesso para um regime que a esmagadora maioria dos países do mundo não aceita ou quer encerrar em seu meio.

    1. Pessoalmente não sou monarquista e tenho que concordar em partes com você, mas tenho ressalvas.

      “Citar Canadá e Austrália como países “do tamanho do Brasil” para defender a monarquia é apenas uma prova de completo desconhecimento geográfico. Seus territórios são comparáveis aos do Brasil, mas não suas populações, entre 5 e 6 vezes menor do que a brasileira. A Monarquia mais populosa do mundo atual é o Japão, número de habitantes mal ultrapassa a metade dos que existem no território brasileiro.”

      Se a monarquia funciona não será pelo tamanho do território/população. A população vai apoiar o regime se a mesma se sentir beneficiada pela existência do mesmo, independentemente do tamanho dela. Ou seja, ceteris paribus, o fundamental é a funcionalidade do sistema. Aliás, o Japão tem pouco mais da metade da população do Brasil sim, mas isso representa mais de cem milhões de pessoas. Acredito que seja uma amostragem válida, não?

      “Enquanto o mundo avança, no Brasil há os que defendem um retrocesso para um regime que a esmagadora maioria dos países do mundo não aceita ou quer encerrar em seu meio.”

      E a maioria dos países do mundo não pode estar errando? A maioria dos países fazer algo não torna isso nem em algo bom e nem em algo ruim, torna em algo corriqueiro. A maioria dos países tinha escravos antigamente, a maioria dos países da Europa tinha grupos extremistas tentando chegar ao poder (alguns com sucesso) nas década de 1920 e 1930 e vimos os milhões de mortos que isso resultou.

      Lembrando que nem monarquista sou, apenas discordo de sua metodologia.

    2. O Brasil é governado territorialmente faça as contas 50% dos parlamentares advem da amazonia nordeste e centro oeste que tem 56% do territorio nacional que tem no máx 30% da população enquanto estados populosos como sao paulo minas e rio com 50% da população tem apenas 30% de representação parlamentar portanto seu desconhecimentro é grande.
      Há 35 monarquias e monarquias atrasdas são apenas 3. Saibdaque a Tailandia que citou bé 50% mais rica que o Brasil percapita 14 mil dolares contra 9 mil do Brasil. Depois a comparação correrta é com a republica golpista de miamar ali do lado que é 10 vezes pior e essa sim comparavel com Brasil Lesoto era parte da A do Sul do apartehaid e foi libertado apenas em 1980 portanto ainda é muito cedo para se fazer consideraçção mas vem crescendo muito Para ser bom não precisa ser nordico veja a holanda a belgica a espanha e o japão
      Republicas é que são retrocessos os paises mais pobres do mundo são republicas a maioria na A central Nicaraga El Salvador, Guatemala Honduras com cerca de 40% fde analfabetos e rendas percapita ridiculas alguns são mantidos com os imigrantes mandados para os EUA que mandam dinheiro para a familia se informe as republicas de bananas, depois as bolivarianas da A do Sul equador, Venezuela, Bolivia, Argentina (ainda bem que se livrou do bolivarianismo) As pobrissimas da Africa Angola, Congo, Etiopia, Somalia, Senegal, Nigeria que beleza que plantel…. sem utopia miseria certa.

  8. O Brasil precisa acordar, deixar esse preconceito e mente fechada ao regime monárquico parlamentarista! Não se consegue resultados diferentes insistindo no erro… precisamos abolir o presidencialismo e a república! Você também é um carismático formador de opinião e quer vencer com a sua convicção sobre a República!

  9. Errado… o monarca retira qq político ao menor sinal de corrupção.
    Na verdade, havendo indício de irregularidade, o político pede afastamento, pois se não o fizer, o rei irá tirá-lo sob grande desonra.

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